sábado, 1 de dezembro de 2012

Fragata Pero Escobar - "Gina Lollobrigida"



A “Pero Escobar” era uma fragata ligeira (1250 ton), cedida pela NATO a Portugal. Foi construída nos Estaleiros de Castellamar di Stábia em Itália e aumentada ao Efectivo dos Navios da Armada em 30 de Junho de 1957. Era um navio sob o ponto de vista bélico deficientemente equipado, mas possuía uma instalação propulsora poderosa constituída por 2 turbinas ansaldo de 2x12000 shp e 2 caldeiras aquitubulares de alta pressão fosterwheeler que lhe proporcionavam uma velocidade máxima muito significativa de 33 nós.

Face às suas características era utilizada normalmente em missões de fiscalização e controlo do mar, viagens de instrução e soberania.

Talvez por ser um navio muito bonito designadamente na convergência das linhas de proa e do convés, assim como na forma da chaminé e sua inserção nas superestruturas, desde muito cedo, na gíria naval a fragata passou a ser conhecida por “Gina”, e era muito vulgar nas conversas entre marinheiros quando se abordava a fragata, esta ser tratada apenas por aquela designação. Obviamente que a comparação tinha a sua lógica na harmonia entre as linhas do navio e as da artista de cinema Gina Lollobrigida e ainda porque ambos eram originários de Itália. Efectivamente Lollobrigida era na época uma actriz italiana de grande popularidade, muito conhecida pela sua beleza. Interpretou diversos filmes tendo ficado célebre a sua actuação na película “O Trapézio”.

Certo dia em Março de 1962, o navio depois de escalar o Porto Grande de S. Vicente de Cabo Verde e Bissau, em viagem de instrução de cadetes, chega ao Funchal, porto onde é oferecida uma recepção às autoridades locais. Entre os convidados encontrava-se o Cônsul Geral da Itália, Senhor Emanuele Valle, pessoa muito popular no meio local, que em conversa amena com os oficiais e cadetes ficou a saber que a fragata era conhecida por “Gina” e das razões que a tal levaram.

Apesar de não conhecer pessoalmente a célebre actriz, talvez por razões de nacionalidade ou até pelas funções que desempenhava, mas principalmente pela sua maneira de ser, o Sr. Emanuele Valle escreveu a Gina Lollobrigida contando-lhe o caso.

O tempo foi passando e um dia em Agosto com o navio atracado na Base Naval de Lisboa, o Comandante entra a bordo trazendo um grande envelope, devidamente cartonado e dirigindo-se para a Câmara de Oficiais, estava-se perto da hora do almoço, abre a encomenda, e qual não foi o nosso espanto quando com uma carta do Cônsul surge uma enorme fotografia da actriz italiana com a seguinte dedicatória:

Al Comandante e agli Ufficiali della NRP “Pero Escobar” con l’augurio sincero che la loro bella nave esca sempre vittoriosa da qualunque cimento.

Roma, 1962 - Gina Lollobrigida

Ao Comandante e Oficiais do NRP “Pero Escobar” com o voto sincero de que o seu belo navio saia sempre vitorioso de todos os perigos.

Roma, 1962 - Gina Lollobrigida
 
Museu de Marinha
Excerto do texto de Luís Roque Martins, CALM EMQ
Director da Revista da Armada
Alguns sítios sobre a fragata:
 
 
Breve noção técnica,
Anteriormente protocolado entre o Grupo de Amigos do Museu de Marinha a Oficina Viva e o Museu de Marinha iremos dar inicio à construção do modelo estático da fragata Pero Escobar para ser oferecido ao Museu e a inaugurar a 22 de Julho 2013.
O modelo será efectuado numa escala de 1/50 ficando com cerca de dois metros de comprimento sendo o casco construido em pranchas de madeira de casquina e na técnica de "pão e manteiga", ou seja, as pranchas de madeira o pão e a cola a manteiga, a restante super-estrutura também em blocos de madeira de casquinha e faia.
Para já algumas fotos (telemóvel) do começo dos trabalhos com a analise dos planos (os nosso amigos Elias e Pedro Barata),
 
Elias e Pedro Barata em atenta conversação
 
Planos

 
 
 
 

 
E claro algumas fotos do modelo a realizar,




Fica também aqui o nosso apelo para todos aqueles que tenham ou conheçam alguém que possa ter fotos da fragata nos enviem através do nosso blogue os do facebook, http://www.facebook.com/#!/FragataPeroEscobarNrp335?fref=ts

Até à proxima

sábado, 17 de novembro de 2012

Vouga - A história e o modelo…


Anteriormente tínhamos escrito sobre a origem do Vouga e os Vougas da Costa Nova, hoje e de novo pegando no trabalho do Hélder Ventura iremos transcrever algumas notas sobre,

 Os Vougas do Sport Algés e Dafundo...
 

Rio Tejo, 1949
 
Tudo indica que o nome “Vouga” se institucionalizou quando em 1939, é criada, pelo Sport Algés e Dafundo, a Classe Nacional “Vouga”, fruto de estudos e pesquisas feitas nesse ano.
Esta data e este feito é de enorme importância, pois criados os estatutos e o regulamento da classe, aumentou o número de entusiastas destes barcos sobretudo junto de Oficiais da Armada, despoletando-se o processo de reconhecimento pela Federação Portuguesa de Vela que considerou esta classe como Classe Nacional em 1944, ficando a secretaria da Classe Nacional Vouga a ficar sediada no Clube Naval de Lisboa. De notar que até aos dias de hoje, esta é a única classe Nacional de Vela, cuja embarcação é portuguesa.
Neste ano efectuou-se o primeiro campeonato nacional da Classe.
 
O rápido crescimento da Classe aconselhou mais tarde, em 1949, a uma revisão do seu Regulamento, aprovada e difundida pela Federação Portuguesa de Vela e pela Secção de Desportos da Brigada Naval, no sentido de agrupar o maior número de barcos com características semelhantes, segundo regras e procedimentos que clarificassem e credibilizassem cada vez mais a Classe. Neste contexto surgiu esse regulamento que para além de proporcionar alguma autonomia a cada flotilha de Vougas estabeleceu a fórmula e os condicionalismos a partir dos quais se consideraria a embarcação como pertencente á classe. Fica claro logo á partida aquela que é para mim a grande característica dos Vougas, decorrente do seu processo de criação e crescimento; uma embarcação com uma grande liberdade de introdução de características individuais, dentro de regras e parâmetros pré-estabelecidos. Um Vouga não é um monótipo.
(Continua)
(Excertos de Embarcações Tradicionais de Recreio da Ria de Aveiro – Hélder Ventura)
 
Voltamos ao modelo do Vouga...
Nesta ultima sessão deu-se a primeira camada de resina dissolvida com álcool nas madeiras de modo a proteger e salientar as cores e veios dos vários tipos de madeirame, posteriormente afaga-se com lixa fina e leva mais uma camada de resina diluida ou "verniz" matte...
 
 



Por ultimo aqui fica o nosso amigo João Pinho de volta do seu Vouga,



Até à proxima...

Dia Nacional do Mar - Atividades

No passado dia 16 de Novembro e pese embora as condições atmosféricas a Oficina Viva juntamente com o Museu de Marinha ainda recebeu a visita de uma escola e de modelistas de palmo e meio que animadamente lá foram aprendendo o que é o Mar, os barcos... enquanto construiam os seus modelos de embarcações, utilizando materiais reciclaveis como molas de madeira, garrafas de plástico, esferovite, palhinhas, entre outros.
Quem sabe se no futuro não serão novos marinheiros ou modelistas...
 



 
 
Até à proxima...
 

sábado, 10 de novembro de 2012

De volta ao Lusito...

Em traços largos e sobre os aspectos técnicos o Lusito tinha de comprimento cerca de dois metros e cinquenta e cinco e, um e meio de boca. O fundo era muito plano e com um “v” bastante pronunciado à proa. Possuía um convés largo com um bom quebra-mar avante do mastro e uma borda no poço que, evitava a entrada de água. Estes pequenos barcos não tinham poço estanque nem qualquer espécie de flutuadores como as actuais embarcações de aprendizagem, antes pelo contrário, tinham uns fortes e pesadíssimos paneiros de ripas, pelo que o adornar e virar poderia significar alto risco de afundamento.



O patilhão era de chapa de ferro, móvel em torno de um eixo situado na parte inferior da caixa do mesmo e podia ser içado e arreado por meio de um haste metálica, mais tarde através de uma pega, conforme a foto.

 
 
 
O leme de madeira, tinha habitualmente a cachola envernizada, onde entrava a cana e com dois espigões enganchava no painel da popa em dois olhais metálicos. A forma da porta era bastante arredondada e pouco profunda, conforme demonstra a foto.
(Continua)
 
O Modelo,


A verificação e a colagem com époxida do pau de aresta e do alcatrate...



Até à proxima...



A Oficina Viva...


É gratificante saber que o nosso trabalho e quando digo nosso trabalho é o de uma equipa que desde a primeira hora que abraçou este projecto e com mais ou menos dificuldade com mais ou menos apoios tem conseguido manter a Oficina Viva na linha para o qual foi criada e traçada. E como exemplo disso, ainda esta semana recebemos a visita de um modelista Ucraniano acompanhado do seu tradutor, que através do nosso blogue e da página do facebook nos quis conhecer e trocar algumas experiências “modelísticas” e principalmente queria compreender melhor as embarcações tradicionais portuguesas, nomeadamente a Muleta do Seixal e o Culé.
 




 




Na realidade, a Oficina Viva do Museu de Marinha abriu as suas portas a 25 de Março de 2011, contudo já conta com algumas iniciativas ao nível do modelismo náutico tanto na vertente estática como rádio controlada, bem como, ao nível da intervenção com as escolas e com os mais novos. Quanto ao primeiro destaca-se os workshops de moldagem de fibra e posteriormente da construção do modelo do veleiro de recreio da classe Vouga ainda a decorrer e actualmente a preparação de um novo modelo da classe Lusito, veleiro de iniciação, ambos verdadeiros escalas de embarcações de concepção e construção portuguesa. Na vertente estática, destaca-se a elaboração de um modelo de uma caravela redonda da armada na escala de 1/8 (cinco metros e meio) e de mais cinco modelos em escalas mais pequenas, uma barca, dois galeões, uma caravela latina e uma nau, que se encontram expostos no Lisbon Story Center.
 
Quanto à intervenção com as escolas e com os mais novos destacam-se os vários workshops de modelismo na Oficina, a participação "Tardes oceânicas: TITANIC, 100 anos depois" no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva, no Dia do Sol e no Dia do Mar, tentando sempre incentivar a criatividade e a imaginação dos mais novos e ao mesmo tempo ensinar os conceitos básicos de navegação e os benefícios do Mar.
Ainda a ressalvar os encontros de modelismo náutico rádio controlo aos segundos sábados de cada mês no espelho de água junto ao pavilhão das Galeotas.
 
 
Os novos modelistas aprendizes...


O João e o Vouga
 
O Paulo e o veleiro centuary
 
Até à proxima...

 

sábado, 3 de novembro de 2012

Os Vougas - Um pouco de historia…

O inicio...


Os Vougas são pequenos navios ou embarcações miúdas, exclusivamente construídas em madeira e movidas à vela, cuja função primordial era a do passeio familiar pela Ria. Salvo raras excepções, são navios de casco redondo, com quilha ou patilhão móvel, e na sua origem armavam duas velas, a grande do tipo latino com mastaréu e o triângulo de vante ou estai.
Actualmente apresentam uma vela grande triangular, um triângulo de vante e um balão, e o mastro é uma peça única.

Em traços largos resulta que esta embarcação teve a sua origem em Ílhavo através do trabalho idealizado e realizado pelo Mestre António Ferreira Gordinho que os construiu nos anos 20 do século passado, mais precisamente e o primeiro de que há memória em 1925. Na verdade, terão sido os antigos capitães dos lugres bacalhoeiros que, saudosos dos seus barcos e do contacto com a navegação à vela, lhe teriam encomendado os primeiros Vougas, para se passearem e passearem a família nas calmas águas da Costa Nova.
Pelo que, a origem dos Vougas estará algures entre a contemplação e observações feitas pelos capitães e marinheiros dos Lugres, admirando os pequenos veleiros, de extraordinária beleza, levando a bordo a fina flor da aristocracia rica de Nova Iorque que por ali, em torno de Newport tinha as suas belas mansões de férias...
O próprio Sr. Gordinho viajou até estas paragens, e talvez um dos objectivos dessa viagem fosse colher informações sobre como melhorar os seus vougas...

(Continua)
(Excertos de Embarcações Tradicionais de Recreio da Ria de Aveiro – Hélder Ventura)

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Voltando ao nosso modelo…

Após algumas tentativas com a escolha do tecido para as velas, neste caso concreto a vela grande e genoa, optamos por um tecido fino de algodão previamente lavado num banho de tapa poros para ganhar alguma consistência e firmeza, conforme mostram as fotografias,   


 
Demos também início à execução do patilhão através de uma alma de contraplacado de 3mm que posteriormente foi fibrada (manta de 200g e resina). Após a cura irá ser afagado e betumado, aqui ficam as fotos da primeira fase,

 
Quanto ao torpedo e pese embora a determinação dos modelistas envolvidos no feito, o certo é, que o alumínio não aguentou o calor e o chumbo já derretido verteu pelo fundo do púcaro não chegando a entrar no molde… :-(
Até próxima…

 

 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia Nacional do Mar - 16 Novembro de 2012

 
A Oficina Viva do Museu de Marinha irá juntar-se às comemorações do Dia Nacional do Mar proporcionando aos visitantes do museu, principalmente aos mais novos a construção de pequenos modelos em materiais reciclaveis com a possibilidade, se as condições atmosféricas assim o permitirem, testar no espelho de água junto ao pavilhão das galeotas.
 
 
 
 
Modelo efectuado no workshop para os mais novos
no Pavilhão do Conhecimento 
 
Até à proxima

sábado, 27 de outubro de 2012

LUSITO

Nos seus dias...

Conforme já aqui se referiu o Lusito foi desenhado e construído na década de trinta do século passado pelo mestre João dos Santos Brites, foi um monotipo que serviu de iniciação para os marinheiros de palmo e meio aprenderem o engenho e a destreza da arte de velejar.
Foi no Lusito que esses garotos, simples curiosos e muitos dos nossos velejadores, tanto de competição como de recreio iniciaram a sua carreira, mesmo hoje perguntando a qualquer pessoa de meia-idade e que tenha estado ligado ao mar certamente que se recorda ou aprendeu a velejar num Lusito.
Sem qualquer conotação política, o certo é que o Lusitos na sua grande maioria eram construídos para os centros de vela da Mocidade Portuguesa existentes tanto no continente como nos arquipélagos e algumas colónias.

Mais tarde iremos falar das características técnicas da construção do Lusito, para já ficam algumas fotos (identificadas) da época retiradas de vários sítios e blogues existentes na internet.
 
 
Associação Desportiva da Brigada Naval da Legião Portuguesa
Regata Lusitos de 19 Novembro de 1939
DN Online

Instrução em Lusitos
Blogue de João Vaz

Lusito número 7 nos anos 40
ANC

Lusitos da Mocidade Portuguesa
Restos de Colecção

O Lusito 31 pronto a navegar
ANC
Até à proxima...
 


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

LUSITO

Começa a ganhar vida...
Efectivamente após mais uma sessão de trabalho dividida um pouco entre o Lusito e o Vouga, no que toca ao primeiro, foram coladas as cavernas (balizas) ao estaleiro e a roda de proa à quilha, fixando posteriormente todo o conjunto, conforme mostram as fotografias,

Roda de proa

Estrutura do casco ainda não finalizada

Baliza (Painel de popa)

Roda de Proa (vista de proa)


De seguida iremos afagar toda a estrutura para estudar a colocação das placas de forro do fundo e dos bordos, bem como, colocar o pau da aresta em cada bordo e as alcatrates.
 
Gostariamos de pedir a todos que visitam o nosso blogue e que tenham fotos da época (ou actuais do Lusito) que nos enviem para serem aqui publicadas, desde já o nosso agradecimento.
 
Até à proxima...

domingo, 21 de outubro de 2012

Voltemos ao Vouga...

Com pequenos avanços lá fomos trabalhando o torpedo para o patilhão dos Vougas.
Teve inicio com uma placa de roof mate que após dada a forma pretendida foi colocada numa caixa de madeira onde posteriormente se deitou gesso para fazer o molde que levará finalmente o chumbo. Pensamos e em termos puramente teoricos, que o torpedo rondará os três quilos e os três quilos e meio... vamos ver...
Para já ficam as fotos que ilustram este parte da elaboração do Vouga,


 




Até à proxima...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Finalmente...

Vamos dar a conhecer o nosso novo modelo em construção...

LUSITO

Primeiro um pouco de história,

 
 
Duas fotos da época da col. do Museu de Marinha
 

 
 
Os planos,
Recuperados e desenhados por António Sá,
 
 
 
Fotos do Lusito que se encontra em exposição no pavilhão das Galeotas no Museu de Marinha,
 







 
O começo da construção do nosso Lusito numa escala de 1/3,5 para radio controle,
 



 
 
Assim, paralelamente com a construção e desenvolvimento do modelo do Vouga a Oficina Viva vai construir mais uma embarcação que foi um ex-libris na vela ligeira em Portugal.
 
Até à proxima