Nestas
coisas do modelismo, como muitos de vós sabem, uma das fases mais importantes é
a pesquisa da informação. Construir um modelo, passa por se obter o maior
número de dados sobre o mesmo, históricos, técnicos, estéticos e até pequenas
curiosidades. Nem todos serão representados no modelo final, mas, o seu
conhecimento pode ajudar a fixar em local próprio, (monografia) por exemplo,
aspectos que ajudarão a complementar a representação física do mesmo.
Um
dos elementos identificativos dos navios, são as chamadas “Crestas”. Estas, não
são mais do que a representação heráldica de algo que se pretende, no futuro
seja identificativo do navio e que a simples visão desses símbolos, remeta os
conhecedores para esse mesmo navio.
Ao
procurarmos por elementos fotográficos ou pictóricos sobre a “Gina”,
rapidamente constatámos uma enorme escassez, o que deixava adivinhar a
dificuldade que, de facto viemos a ter para encontrar dados que nos
permitissem, sobretudo construir os pequenos detalhes daquele navio.
Em
algumas fotos, reparámos num disco com algo pintado que, se assemelha a uma
foto ou pintura antropomórfica. Sabemos que em algumas ocasiões, sobretudo em
exercícios Nato, é vulgar colocar naquele local, um dístico com o símbolo desta
organização. Claramente não é este caso. Pensámos que aquele símbolo podia ser
o “emblema” do navio. Foi assim que chegámos as crestas.
Procurámos
como seria natural, no Gabinete de Heráldica da Marinha, onde ficámos a saber
não existir nada sobre a Pero Escobar. Este gabinete, bem como as disposições
actuais, resultam da Portaria Regulamentadora nº 123/2010, que vem dar
cumprimento ao disposto no nº2 do artigo 41º do Decreto-Lei nº233/2009. Esta
legislação vem substituir o regulamentado pela Portaria nº 722/72, de 14 de
Dezembro. Portanto toda esta legislação é posterior a data da entrada ao
serviço da Pero Escobar, 1957.
Nada
encontrámos, até que uma bela tarde, estando em Belém na Oficina Viva,
recebemos a visita do Sr. Cmdt António Bento que, para espanto e alegria nossa,
nos disse que nos enviaria, por e-mail, nesse mesmo dia a fotografia da cresta
da Pero Escobar. Assim foi.
O
povo costuma dizer na sua imensa sabedoria, que não há fome que não de em
fartura e mais uma vez, se confirmou este ditado.
Uma
bela tarde no nosso entusiasmo, ao vermos passar o Sr. Cmdt Guerreiro, fizemos
questão de lhe comunicar que já tínhamos encontrado a cresta e mostrámos-lhe a
respectiva fotografia.
Passado
algum tempo, e já depois de ter regressado ao seu gabinete, o sr. Cmdt, veio
ter connosco e disse-nos enquanto nos convidava a acompanhá-lo.
-
Sabe, eu sou alentejano e como tal penso devagar. Depois de ter visto a foto
fiquei com a sensação de já ter visto algo semelhante e lá foi pensando nisso.
Estávamos
entretanto no corredor de acesso ao gabinete do Sr. Almirante, no 1º andar do
edifício quando apontando para cima numa das paredes, o Sr. Cmdt Guerreiro,
mostrava-nos uma cresta enorme, colorida, a maior das muitas que ali se
encontravam. A cresta da Pero Escobar.
Os
nossos melhores agradecimentos aos envolvidos, pela colaboração prestada.
Até à próxima...